*por Rivaldo Ferreira
A recém-anunciada Medida Provisória (MP) que cria o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata) deve intensificar a busca por energias limpas.
A iniciativa, que prevê um pacote de incentivos fiscais, é uma clara declaração de intenções estratégicas para estimular investimentos em data centers nacionais, fomentando a digitalização do país.
E, mais do que isso, o grande acerto do projeto está em vincular os benefícios fiscais ao uso de energia renovável. Esta não é uma mera cláusula ESG (Environmental, Social, and Governance) para agradar investidores, mas uma necessidade pragmática, pois o setor de data centers é notoriamente intensivo em energia, e a crescente demanda por processamento de dados já se tornou um evidente em polos como São Paulo, conforme aponta o estudo da Cushman & Wakefield.
Nesse cenário, o Redata não apenas impulsiona a economia digital, mas também acelera e consolida a vocação do Brasil para a energia verde. Em 2023, por exemplo, 93,1% da geração elétrica brasileira veio de fontes renováveis, como hidrelétricas, eólicas e solares, reforçando nosso papel na transição energética, segundo o Ministério de Minas e Energia. Já em 2024, metade da energia consumida teve origem em fontes limpas, e a indústria já segue essa tendência: o levantamento da CNI/Nexus mostra que 48% das empresas investiram em energia renovável, com destaque para o Nordeste.
Entretanto, de nada adianta ter potencial se não soubermos geri-lo com inteligência. É nesse ponto que a tecnologia se torna a ponte entre os dois mundos. A mesma inovação que alimenta os data centers pode, e deve, otimizar nossa matriz energética. Por exemplo, sensores, drones e sistemas de Internet das Coisas (IoT) instalados em plantas solares,
eólicas e de biomassa permitem o acompanhamento contínuo do desempenho dos equipamentos.
Dados como temperatura, vibração, incidência solar, velocidade do vento e produção de energia são coletados em tempo real e enviados para plataformas de supervisão e análise. Com base nessas informações, algoritmos de Machine Learning conseguem prever falhas antes que elas ocorram. Um sistema pode identificar, por exemplo, que determinada turbina apresenta um padrão fora do comum e pode precisar de manutenção nos próximos dias, evitando paradas não planejadas e perdas na geração de energia.
Por meio de algoritmos inteligentes, é possível ajustar automaticamente os ângulos dos painéis solares ou o posicionamento das turbinas para extrair o máximo das condições climáticas em tempo real. Outro ponto são as plataformas que integram dados de múltiplas usinas e fontes, permitindo o controle remoto de ativos distribuídos, algo cada vez mais necessário com a descentralização da geração elétrica. Com isso, as empresas conseguem planejar de forma mais eficiente o uso, a distribuição e o armazenamento de energia.
Das rotinas diárias às análises, a tecnologia também facilita a geração de relatórios e a rastreabilidade de indicadores sustentáveis, apoiando as organizações em suas metas ESG . Dashboards inteligentes possibilitam o monitoramento de métricas, como emissão evitada de CO2, energia limpa gerada por planta e impacto social nas comunidades.
A MP do Redata cria, desta forma, um ciclo virtuoso: ao conceder isenção de impostos como PIS/Pasep, Cofins e IPI, busca reverter o quadro atual, em que cerca de 60% das cargas digitais brasileiras são processadas no exterior, segundo o Ministério da Fazenda. A meta é reduzir o déficit no setor de serviços, que chegou a US$ 7,1 bilhões, segundo o Banco Central, e reforçar a soberania nacional sobre nossos dados. Nesta esteira, a produção de novos Data Centers nas condições da MP será o impulso para tirar inúmeros projetos de energia renovável do papel, que estavam à espera de demanda.
Ao permitir a gestão inteligente da matriz energética e dos próprios data centers, garantindo eficiência, previsibilidade e sustentabilidade, a tecnologia cria um cenário positivo para o país liderar com sustentabilidade e inovação a transição para a energia limpa e renovável.
*Rivaldo Ferreira é vice-presidente corporativo de Utilities da SONDA do Brasil, líder regional em Transformação Digital
Ferramenta de AIOps (Inteligência Artificial para Operações de TI) da integradora de tecnologia já opera no monitoramento, execução de processos e gerenciamento de mais de 150 clientes, reduzindo a necessidade de intervenção humana e promovendo eficiência, escalabilidade e qualidade.
Reconhecer, respeitar, valorizar e impulsionar uma cultura de diversidade e inclusão entre nossos colaboradores são ações fundamentais para combinar múltiplas perspectivas e visões em benefício da inovação que levamos a nossos clientes.