Por Roberto Mielle*
Falar de inovação é, ao mesmo tempo, abordar aquilo que chamamos de Elementos Terras Raras (ETRs), um conjunto de 17 elementos químicos, conhecidos como lantanídeos, além do escândio e do ítrio. A definição de Terras Raras se dá devido às suas propriedades semelhantes e aplicações tecnológicas críticas, e estão no centro das discussões atuais e das indústrias globais porque diz respeito a elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos, como smartphones, televisores, câmeras digitais e LEDs. Apesar de usados em pequenas quantidades, eles são insubstituíveis.
O Brasil possui reservas relevantes de ETRs e potencial geológico expressivo, com destaque para áreas como Araxá (MG) e Serra Verde (GO), segundo o MME (Ministério de Minas e Energia). Este protagonismo representou, somente no primeiro semestre, um volume de comercialização na casa dos US$ 7,5 milhões, valor dez vezes superior ao total negociado ao longo de todo o ano de 2024, de acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Apesar do volume recorde na série histórica, embora ainda modesto frente ao potencial nacional, segue com destino concentrado exclusivamente na China.
Ao passo que se trata de um recurso praticamente essencial para o avanço tecnológico, sua extração e refino ainda representam desafios significativos. No contexto produtivo, a digitalização das operações e a sua sustentação, podem garantir e ampliar a eficiência, a sustentabilidade e a competitividade no setor. A jornada produtiva começa pela segurança e preservação ambiental, que envolve regras rígidas para garantir a estabilidade de barragens e a compensação dos impactos socioambientais. Já é visto avanços de práticas como a substituição de barragens de água por soluções de rejeito a seco, que vem ganhando força a partir de investimentos em maquinário, sensores e sistemas digitais de monitoramento em tempo real.
Esses mecanismos não apenas atendem às exigências regulatórias, mas também reduzem riscos ambientais e aumentam a confiança dos investidores. Nesse contexto, ferramentas digitais de gestão de processos e certificações de sustentabilidade também vêm se consolidando, garantindo transparência e conformidade com padrões internacionais, como também aumentam a atratividade para investidores ao garantir conformidade com padrões internacionais, como por exemplo os padrões do IFRS (Normas Internacionais de relatório Financeiro).
Além das exigências regulatórias, operações de mineração são, por natureza, de missão crítica — qualquer interrupção pode gerar prejuízos significativos. Tecnologias como Inteligência Artificial aplicada em sensores inteligentes e visão computacional permitem monitorar equipamentos e processos críticos, antecipar falhas, prever resultados e evitar paradas inesperadas que podem gerar prejuízos milionários. Para se ter uma ideia, uma hora em que a correia transportadora fica parada em uma planta de mineração, por exemplo, pode representar perdas de até centenas de milhares de dólares. Para sustentar esse nível de exigência, cresce a demanda por redes privativas 4G e 5G, que oferecem conectividade rápida, robusta, segura e imune às oscilações das redes públicas. Essas redes são fundamentais não só para viabilizar veículos autônomos e equipamentos teleoperados, mas também prover o subsídio de manutenção preditiva e monitoramento em tempo real, garantindo a continuidade e a eficiência das operações.
É o negócio que dita a necessidade
Outro exemplo prático: imagine um cenário em que materiais não britáveis, como o dente metálico quebrado de uma escavadeira, interrompam a operação de um britador. Para evitar que esse tipo de material inadequado comprometa o funcionamento dos equipamentos, é necessário pensar em uma solução integrada que combine diferentes abordagens tecnológicas, como análise química, visão computacional e mapas satelitais, focando na detecção e remoção antecipada do material, reduzindo riscos operacionais e garantindo a continuidade da operação.
Isso reforça a ideia de que o verdadeiro motor de uma solução está no problema de negócio que ela resolve, ou seja, a tecnologia é apenas um meio, e não o fim. É importante voltarmos a ressaltar que o sucesso de qualquer solução de negócio implementada está diretamente ligado à existência de uma base sólida de sustentação que permita ajustes contínuos e evolução ao longo de sua operação. Isso evita a interrupção ou a obsolescência de uma concepção bem estruturada, assegurando a fluidez e a sustentabilidade do processo automatizado.
O movimento global de investimentos, liderado em parte pela China, coloca o Brasil no centro das atenções. Transformar esse potencial em resultados concretos depende, e muito, do investimento em tecnologia, automação e Transformação Digital. Só assim será possível superar desafios regulatórios, reduzir custos, atender às demandas de sustentabilidade e consolidar o Brasil como um dos protagonistas da nova era da mineração sustentável e digital.
(*) Roberto Mielle, gerente de desenvolvimento de negócios na Sonda do Brasil
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